Thursday, January 7, 2010

Casadíssima (agora sim o texto)


Pois acreditem! CASEI!!!! Uhuuuu
Depois de seis meses preparando o esqueleto, entrei comportada na igreja, na festa pulei, dancei, beijei, abracei, disse TE AMO de monte, e, na lua de mel... well... APROVEITEI CADA SEGUNDO! = )

Posso garantir que nesse ano que passou aprendi muito (MUITO MESMO)! Sofri, briguei, chorei, dei risada, cantei sozinha na rua, beijei com vontade, comi suspiro de monte, fiz várias sopas, aprendi a fazer Petit Gateau (Yammy = ), resolvi que quero ser feliz, tive ataques de raiva e estresse, sai falando inglês sozinha (fingindo estar ao telefone), briguei com um cara no ônibus (ele estava ofendendo o motorista inocente), briguei com outro na rua (sem explicação! Preciso para com isso.... talvez yoga ajude), acordei sempre com vontade de dormir mais, tive vontade de virar cantora de barzinho, escritora de ficção, vendedora de cosméticos... enfim, vai entender! O mundo tem coisa pra caramba e no fundo, bem no fundo, acho que eu queria ser um pouco de tudo!

Pra 2010??? Pretendo aprender ainda mias = ) Agora que sou uma senhora casada acho que vou investir em livros de culinária, cursos de decoração e juro, vou tentar passar as camisas do Di (tô cruzando os dedos atrás das costas, isso significa que é meia verdade hahaha : DDD). Mas falando bem sério, pretendo ser ainda mais feliz, ficar mais calma, brigar menos, terminar minha pós e começar um curso de teatro profissional (sonho!). Em junho quero tirar férias, sequestrar meu marido e ir viajar para um lugar sem televisão e internet, ele precisa aprender que Copa do Mundo não é tudo na vida! Se ele insistir em não querer ser meu refém, tudo bem, eu deixo ele em casa com o TV e vou para os Estados Unidos fazer compras com o cartão de crédito adicional que ele me deu! Yupi! (ops! Preciso checar antes essas coisas de limites) Mas enfim, quem quer ir junto????

Pois bem, no final das contas só quero aproveitar 2010 como nunca aproveitei ano nenhum (a gente pode sempre melhorar, né?!), quero que seja um ano repleto de alegrias, realizações e muito brilho no olhar!

Gotta go! = )

Muito bom!!!

Assim, sei que casei há pouco e que talvez não deveria publicar isso, mas é muito bom! E by the way, minha mãe me mandou (achei irônico... afinal, como já disse, casei há pouco =o) Mas enfim, vale a pena ler, mesmo se continuo achando que casar é MUITO BOM !!! (Abrindo outro parênteses, dizem que pessoas casadas tem menos tendência a depressões...)hahah Espero!

Os dois contos são do (Luís Fernando Veríssimo)
1) Conto de fadas para mulheres do séc. 21
Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
- Você quer casar comigo?
Ele respondeu: NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.
O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!!!
(Luís Fernando Veríssimo)



2) Conto de fadas para mulheres do séc. 21
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...
E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo...den...do!
FIM!!!
(Luís Fernando Veríssimo)

Preciso dizer isso!!! Aprendi, finalmente, como faço pra copiar coisas aqui! Yupi (mega feliz! isso vai facilitar minha vida!) Se soubesse ontem...

Beijinhos

Wednesday, January 6, 2010

Casadíssima


Sério, isso só acontece comigo! Então tinha decidido retomar com meu blog, (tão feliz), aí por um momento esqueci meu login, mas acabei lembrando, escrevi o post e quando fui vê-lo publicado, me dei conta de que estava no blog errado = ( Pois é, o Palavras do Espelho não foi a minha primeira tentativa... Tinha criado antes o Pensamento... O well, daí tentei copiar tudo que tinha escrito lá, pra cá. Não veio. Por fim, fica aí o link http://carlacampos1.blogspot.com/ É só entrar lá pra ler.
Prometo que da próxima vez vai estar tudo aqui, bem diretinho!

Thursday, April 30, 2009

As aparências enganam

Parecia um pequeno monstro branco. Talvez tivesse 40 cm de comprimento, 20 de altura e 12 de largura. Era deformado na parte superior, mas a base estava lisa. Eu não daria nada para aquele monstro de gesso que mais parecia ter sido manipulado por uma pequena criança bagunceira. Mas Lucas se orgulhava do monstrinho, ele era o pai/mãe, ele gerou aquela massa branca que agora se apoiava sobre a mesa e orgulhosa esperava a professora.

O monstro foi colocado sobre uma outra mesa assim que a mestra chegou. Ela veio preparada para uma espécie de cirurgia, instrumentos à mão: "Tá tá tá", ela batia com um martelo na base de uma outra ferramenta que tinha uma ponta de uns cinco cm de comprimento e era bem fina. Bateu de um lado, bateu de outro. Lucas fitava o filho com olhar atento, preocupado, ansioso. "Quer que eu segure?", perguntou o futuro pai querendo ajudar a 'médica'. "Huhum", respondeu sem responder. Agora Lucas tocava seu pequeno.

De repente o primeiro lampejo der uma obra de arte surgiu como mágica. Uma parte do gesso grosso e deformado se deslocou e por debaixo um material ainda mais alvo queria aparecer. A surpresa foi como ver a cabeça do bebê entre as pernas da mãe no parto normal. Você só vê a cabeça, mas sabe que ali existe um corpinho todo.

Mais uma martelada. "É um Ford", suspirou o paizão se gabando. A mestra continuou compenetrada, enquanto o pai babão quase não se aguenta de tanta ansiedade. Não aguenta mais esperar para enfim ver o filho inteiro.

O processo de Lucas começou com a idéia de um carro mais ou menos no computador. "Tem gente que consegue fazer tudo no Corel Drawn, mais eu não sou bom com essas coisas de cálculo e aí eu fiz um pouco no programa e o resto fiz aqui na sala de arte mesmo". O estudante de Desenho Industrial, depois de pensar o projeto, moldou o carro com argila e base e isopor, era o seu filho. Foram horas de paciência regadas à muita água nas mãos, habilidade nos dedos e idéias na cabeça. Da argila surgiu um molde de gesso, aquilo que parecia o monstro branco. Com esse molde pronto, Lucas pincelou o interior com vaselina e outras substâncias e recheou com gesso mais fino. Por fim alisou o fundo, que também poderia ser o topo, mas não importa. E para arrematar, grossos elásticos pretos seguravam o molde. "Esse processo fiz ontem e hoje já deveria estar tudo seco", mas não estava. As marretadas não paravam, o fim do processo se tornara difícil. "Aumenta a dose de anestesia. Há quantas está o batimento cardíaco?" perguntaria o médico se aquilo realmente fosse uma cirurgia. Mas não era. Lucas estava dentro do Mackenzie, em um canto de fácil acesso pra quem sabe o que tem por lá, mas que para muitos passa desapercebido, um lugar indiferente. Como aquela situação que para Lucas era o trabalho mais importante. O trabalho para o qual ele se dedicara com vigorosidade, era o único da turma nesse estágio avançado do projeto, no entanto para tantos outros colegas que dividiam com ele a sala, não passava de mais um trabalho de graduação.

A professora já começava a mostrar rugas de preocupação. "Vira aqui Lucas, segura desse lado. Parece que agora grudou mesmo". "Tá! Crack!!!", a martelada quebrara uma parte pequena do carro. Lucas olhou com olhar triste, meio sem saber o que fazer, mas a mestra consolou, "a gente passa massa corrida aqui". Ela desistiu, foi atrás da massa corrida. Lucas pegou as ferramentas e foi tratar sua criatura. No começo até deu certo, porém mais um pequeno pedaço se partiu. Por fim ele decidiu que tiraria o excesso com a lixa.

Tivera alguns problemas, mas o filho se mostrava exuberante. A massa monstra branca deu origem a uma obra de arte. Como vimos há pouco com Susan Boyle. A gorda feia, com cabelo desgrenhado, sem maquiagem e de vestido brega foi zombada, ninguém daria nada por ela, mas assim que o molde, a casca monstra que a sociedade criou caiu, o mundo viu e ouviu sua voz.

Enfim a massa corrida chegou para o retoque e Lucas trabalhou com cuidado, muito cuidado. "Agora só falta lixar?", perguntei curiosa. "Colocar na estufa, esperar a massa corrida secar, lixar para aperfeiçoar detalhes, fazer um outro molde de gesso, preencher com fibra de vidro e aí, pintar". Ufa! O carro vai ficar pronto. Mas a cada etapa vencida, Lucas perde tudo o que fez. As horas passadas moldando a argila se quebraram, o molde de gesso que originou o carro de gesso também se partiu o carro de gesso não vai sobreviver ao peso do molde que irá envolvê-lo e o último molde vai desaparecer quando por fim o carro de fibra de vidro vier à tona. É como a velha história da semente que cai na terra e precisa morrer pra que a árvore nasça. Muitas vezes uma semente sem graça, feia, mas que faz brotar árvore suntuosa e elegante, como o carro gracioso que nasceu do molde monstro que lhe dera a vida, como a voz de Susan que vem embrulhada em uma vida sofrida e bruxa, que a sociedade não consegue perceber, mas sabe dizer quando alguém segue ou não a ditadura da beleza.

O carro, a semente, Susan, são todos exemplos de que alguém estava errado quando disse que os melhores perfumes estão nos frascos mais bonitos.

Monday, April 20, 2009

Enfim!

Enfim resolvi retomar!

Depois de um tempo de encubação, eu diria, resolvi voltar a postar. Fiquei muito presa a textos perfeitos e bem trabalhados, mas, agora com minhas aulas na ABJL, resolvi que preciso de espaço para publicar minhas idéias. O "Palavras do Espelho" continua com o mesmo propósito de texto com caracteríticas literárias, seguindo a escola de mestres como Gay Talese, Tom Wolfe, Trumam Capote, Caco Barcellos, Eliane Brum e por aí vai.

Eu sempre digo que vou começar pra valer e quando vejo já abandonei meu blog mais uma vez, mas dessa vez quero que seja pra valer. Let´s try again!

Sunday, October 19, 2008

Oitenta e três dias no pique de Caco Barcellos (parte 4 - FINAL)

Os dias correm e o tempo voa

Tentativas de entrevistas diárias. Num determinado momento a preciosa seqüência de algarisos que me permite falar com Caco já estava presa na cabeça. Se antes precisava de anotações, agora precisava de sorte. Alguns dias Caco não consegue atender sequer uma ligação. "Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de...". Quem consegue ouvir isso até o fim? Uma voz chata e apressada interrompe o que poderia ser o alô que tanto esperava. mas não é só de entrevistas que se constrói uma matéria.

Três de março de 2007. Sábado, 17h. Avenida Luis Carlos Berrini, Central Globo de jornalismo. No pequeno (na época) espaço reservado para a equipe do Profissão Repórter uma mala grande chama a atenção. Os olhos azuis estão bem pequenos, a dicção sente o cansaço. Já soma quase 30 horas acordado. Caco chegou na redação pela manhã, viera direto de Colniza, uma cidade no interior de Rondônia, onde gravara parte do programa que teve como tema a violência. Alguns exercícios que aprendera com a fonoaudióloga foram a saída para destravar a língua e então gravar os textos do off. A cada erro "3,2,1.." e continuava de onde tinha parado.
Fora de casa há alguns dias. Família com saudades. A filha caçula no celular. O repórter atende o aparelho móvel como se não tivesse mais nada no mundo pra fazer, a não ser falar com a pequena que reclama seus cuidados. Consegue negociar com ela um prazo maior pra chegar em casa.

Semana seguinte: Bush vem para o Brasil. Não há tempo nem sequer pra respirar. Sete de março 21h, aeroporto internacional de Guarulhos. Nenhuma informção. Caco anda de um lado para o outro, olha firme, sério, como só a timidez pode deixá-lo. Observa cada detalhe, cada ângulo. Momento de busca da notícia. Caco explica, "estou andando pra ver se alguém fala comigo, me procura para dar informação". Nada. Horas no aeroporto e nada. Repórter sempre calmo. Giro pela cidade. Porta do Hilton (onde o presidente dos Estados Unidos ficara). Nada. A turma se despede, mas Caco tem cara de que ainda vai trabalhar... Dia oito de março. Poucas horas de sono. Continuam as buscas. Só às 18h chego no aeroporto. Caco estava gravando a abertura. Aceita sugestões e críticas de toda a equipe. Bush demora. O repórter vai de um lado para o outro no aeroporto. Um dia todo andando de moto por São Paulo (foi o jeito que Caco encontrou para se livrar do tráfego). Cansado, com dores, e ainda assim consegue ser atencioso com cada pessoa que se aproxima.

A calma parece ter encontrado seu lugar, nasceu em Porto Alegre no dia 5 de março de 1950 e dali não mais saiu. Uma tranqüilidade que chega a impressionar. Mesmo se o repórter apresenta uma característica curiosa: como uma pessoa assim, calma, demonstra tanto interesse por assuntos pesados, dramáticos e frenéticos? Não seria mais lógico imaginar uma personalidade assim trabalhando na editoria de cultura ou de turismo? Mas não! Talvez seja essa calma que o ajuda nos momentos de tensão nas coberturas de alto risco. A agitação passa longe e deixa espaço para uma reflexão mais apurada. Reflexão que só seria possível na calmaria.

Trânsito. Só pode ser ali, ele deve ter uma válvula de escape. Ilusão. Continua calmo. Engarrafamento. O motorista de trás buzina com força. Calma. Tem pressa de chegar em casa e ... Calma. INCRÍVEL. Se não com o carro na mão, só pode ser com a bola no pé. Vinte e sete de março, 22h09, num campo próximo à Globo uma turma se junta pra jogar futebol. Caco está lá. Demora a notar minha presença. Continua sempre paciente, educado e sem vaidades de estrela. Vai buscar as bolas que saem de campo. Pede desculpas depois de um lance difícil. O uniforme perfeito. A equipe meio perna travada, mas ele se move como um craque, mesmo se insiste em dizer que o desemprenho já não é o mesmo.

Vinte e quatro de março, 17h. Rua Coimbra, bairro do Brás. Matéria sobre imigrantes no Brasil. Rua repleta de bolivianos, depois de uma semana de trabalho duro eles saem para descansar e nessa mesma rua, onde muitos firmaram residência, acontece uma espécie de quermesse. Caco, Emílio, o câmera, e um assistente caminham rápido, querem aproveitar os últimos raios de sol. O repórter se concentra. Os grupos que passam tentam aparecer no vídeo. Já são quase 21h quando o trabalho acaba. No dia anterior Caco levara um dos filhos para praia, voltara e naquele mesmo dia iria ainda botar o carro na estrada com a família para passarem juntos um dia na praia.

Onze de abril, quarta-feira. Noite inteira trabalhando. Movimento sem-teto prometia invadir um prédio, a equipe do "Profissão Repórter" foi cobrir a ocupação. Sem dormir tomou café da manhã. Dentista. Coletiva de imprensa com grupo de 7ª série da Escola da Vila. Um convite insistente e ele acabou indo. Chegou atrasado. Cansado. Respondeu a cada pergunta com zelo extremo. Continua tentando aprender a dizer não de vez em quando. Ele explica que as solicitações para palestras e eventos são muitas e que dar uma resposta negativa é tarefa difícil.

Treze de abril, sexta-feira. De manhã, gravação no Rio de Janeiro. À noite uma palestra no cetro de São Paulo. A revista "Caros Amigos" completou dez anos, fez um ciclo de palestras e o convidou. Hora marcada: 20h. Nada. Ainda tentava chegar em São Paulo. Tempo de crise aérea, a incerteza é total. Em São Paulo salão lotado, a popularidade do jornalista é grande. O tempo passa. Uma programação para entreter. Duas horas depois... ele não chega. Algumas pessoas precisam ir. Muitas ficam. A sala continua cheia. O tempo ainda corre um pouco mais. Caco aparece. A multidão ainda o aplaude. Conversa. Perguntas. O ponteiro dos segundos parece acelerado, puxa com ele o dos minutos e a hora passa. A palestra acaba. As pessoas querem falar com Caco. Um grande número de estudantes o circunda. Autógrafos de um lado. Fotos de outro. Cansaço. Missão cumprida. Satisfação. Mas a vida não pára! Um repórter está sempre atrás de histórias e até a volta para a casa, depois de um dia repleto de atividades, pode significar o surgimento de uma nova pauta. Quem sabe o que pode acontecer?




 

Oitenta e três dias no pique de Caco Barcellos (parte 3)

Contra a correnteza

Agosto de 1972, Carlos Alberto Kolecza, jornalista de Porto Alegre, conheceu um estagiário da Folha da Manhã, rapaz de 22 anos que ganhava a vida como taxista. Estilo hippie, barba encobrindo o rosto, longos cabelos encaracolados, calça boca de sino e jaqueta no corpo. Cláudio Barcelos de Barcelos era seu nome. Pessoa simples, aberta a sugestões, humilde. Trinta anos depois Koleza encontrou  o então Caco Barcellos, jornalista renomado da rede Globo, um dos maiores repórteres de investigação do país, autor do sucesso "Rota 66" e da obra-prima, menos conhecida, "A Revolução das Crianças", um relato sobre a revolução sandinista na Nicaráragua. Agora lançava outro sucesso, o "Abusado", um livro que relata a situação do tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro. Kolecza foi conferir o rumo que teria tomado aquele que um dia foi seu estagiário. Barba feita, cabelo aparado, camisa alinhada, já não mais taxista. Caco se tornara um ícone do jornalismo brasiliero, mas... "Continua o mesmo!", garante Kolecza, sem sombra de dúvidas. Atencioso com todos que o procuram, humilde e o melhor, ele ascendeu socialmente mas não esqueceu, não chutou de escanteio as questões que envolvem os menos favorecidos.

Repórter por vocação, Caco antes sonhara ser jogador de futebol, engenheiro, matemático... Mas quisera a vida que ele entrasse para o mundo das letras que preenchem espaços brancos nos papéis. Mesmo se insiste em afirmar: "Eu não sou tanto jornalista". Uma expressão, a princípio, sem sentido. Mas que passa a ser crível a partir de uma simples explicação. O mundo dos jornalistas que se criou é uma redação abarrotada de cabeças, braços e pernas que não conseguem caminhar nas rus. Navegar na internet e percorrer a linha telefônica basta. Mas existe alguém que sonha em  morrer fazendo reportagem pelo mundo  e que nunca conseguiria se enquadrar no perfil estabelecido para o profissional de comunicação: Caco.

Se deixar levar pelas correntes marítimas é simples, mas Caco é ousado, faz aquilo que considera correto, não importa como. Um ser que nada contra a corrente acaba adquirinto músculos, força, técnicas que acabam desconhecidas por aqueles que se deixam levar pelas águas.